domingo, 19 de junho de 2011

A Volta ao Passado

Casimiro de Abreu
Casimiro José Marques de Abreu (1839-1860) alcançou grande popularidade graças aos seus versos no rítimo fácil e linguagem simples. Cantou o saudsismo nacionalista, seguindo os passos de Gonçalves Dias, a saudade nostálgica de infância pura. De toda a sua produção poética, reunida no volume AS PRIMAVERAS, seu poema mais emblemático é '' meus oito anos'', muito revisitado pelos modernistas.


Poema

Meus Oito Anos


Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!


Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!


Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!


Oh! dias de minha infância!
Oh ! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

(...)                      

Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
(Lisboa, 1857)

                                                                                                                                          Abreu Casimiro

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